Como funciona a residência de Medicina da Família
O médico que planeja trabalhar no programa Médicos pelo Brasil, que substituiu o programa Mais Médicos, deve ficar atento. A residência médica em Medicina da Família e Comunidade passa a ser obrigatória.
E, mais, há um forte movimento na saúde suplementar pelo resgate da Atenção Básica da Saúde onde atuam os médicos de família. O Revisamed, curso para a residência médica, disponibiliza neste artigo todas as informações para os estudantes que queiram se especializar nesta área.
A seguir, você vai saber:
Como é a especialidade e oportunidades de trabalho
Que tal saber mais uma pouco da Residência de Medicina da Família e Comunidade? Neste artigo, vamos mostrar um pouco das especialidades e as oportunidades de trabalho.
Em todos os estados existem muitos programas de residência de Medicina da Família e Comunidade, que podem ser uma boa oportunidade para o acadêmico que deseja atuar nesta área.
Vamos ainda mostrar um pouco da história desta especialidade médica, das oportunidades para estes especialistas e o porquê de um movimento pelo resgate da medicina de família, inclusive, na saúde suplementar.
O melhor é começar a saber um pouco mais da especialidade para ter a certeza de que ela combina com o seu perfil e com o que você espera do futuro profissional. Vamos lá?
Como é a residência de Medicina da Família e Comunidade?
A Residência Médica em Medicina da Família e Comunidade forma um especialista cuja característica básica é atuar, prioritariamente, em Atenção Primária à Saúde.
O médico de família atua, essencialmente, em uma abordagem biopsicossocial do processo saúde adoecimento, integrando ações de promoção, proteção, recuperação e de educação em saúde no nível individual e coletivo.
Você que pretende ser uma especialidade deverá ter a capacidade de priorizar a prática médica centrada na pessoa, na relação médico-paciente, no cuidado em saúde e na continuidade da atenção.
O atendimento ao paciente deverá ser feito com elevado grau de qualidade, sendo resolutivo em cerca de 85% dos problemas de saúde relativos a diferentes grupos etários.
Respostas às necessidades de saúde
Cabe ainda ao médico de família desenvolver, planejar, executar e avaliar programas integrais de saúde, para dar respostas adequadas às necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade.
Outro princípio para o médico de família é o de estimular a participação e a autonomia dos indivíduos, das famílias e da comunidade.
A especialidade trata os pacientes em todas as fases da vida. O tratamento envolve gestação, infância e velhice.
Para alguns especialistas, o médico de família é, na verdade, uma reinterpretação daquele médico do passado que cuidava de todos da casa. Alguém de referência para tratar da sua saúde.
Diferenças para o clínico
A diferença para o clínico geral está no fato de o clínico tratar apenas adultos. A atuação mais abrangente é do médico de família, que cuida do indivíduo como um todo.
O conceito é de que a saúde não simplesmente a ausência de doenças, mas também está relacionado com o bem-estar, com o meio em que vive e suas relações com trabalho.
Quando tratamos de um paciente, olhamos o todo: as condições onde ele mora, se tem saneamento em casa, se tem acesso à informação. Olhamos tudo e às vezes o paciente nem precisa de remédio, só precisa de uma conversa e nós estamos lá para isso
Onde atua o especialista em Medicina de Família e Comunidade
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a base do Sistema Único de Saúde (SUS). É na APS que os médicos especialistas em Medicina de Família e Comunidade atuam para o acompanhamento de doenças mais frequentes, como diabetes, hipertensão e tuberculose.
Na Equipe de Saúde da Família (ESF) com a comunidade permite que se conheça melhor o cidadão, garantindo maior adesão aos tratamentos e às intervenções médicas propostas.
Assim, neste nível de atenção, é possível resolver cerca de até 80% dos problemas de saúde, sem a necessidade de intervenção na emergência de Unidades de Pronto-Atendimento (UPA 24h) ou de hospitais.
Planejamento para a saúde
Daí, o importante papel do médico de família para atuação nas unidades de saúde da família com o objetivo de promover a qualidade de vida da população e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco.
Entre esses fatores estão falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. Outro papel importante é trazer para perto da comunidade serviços como consultas médicas, exames, vacinas, radiografias e pré-natal para gestantes.
Programa Médicos pelo Brasil exigirá especialização
É como este argumento que o Governo federal lançou o programa Médicos pelo Brasil, em substituição ao Mais Médico que passar a ter a obrigatoriedade da residência de Medicina da Família e Comunidade.
Com a promessa de abrir 18 mil vagas, o programa pretende ampliar a oferta de médicos especialista em locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade.
O programa contemplará duas funções: médicos de família e comunidade, e tutor médico. Para a função de Médico de Família e Comunidade, serão selecionados médicos com registro no Conselho Federal de Medicina (CFM).
Se aprovados na prova escrita, serão alocados em USF pré-definidas pelo Ministério da Saúde para realização do curso de especialização em Medicina de Família e Comunidade.
Tutor médico
Para a função de Tutor Médico serão selecionados especialistas em Medicina de Família e Comunidade ou de Clínica Médica com CRM.
Nessa modalidade, os profissionais aprovados na prova escrita já ingressam, por meio de contratação via CLT, e ficam responsáveis pelo atendimento à população nas USF a que foram designados e pela supervisão dos demais médicos ingressantes no Programa Médicos pelo Brasil, durante o período do curso de especialização.
Saúde Suplementar investe na Medicina da Família
Enquanto a Medicina da Família e Comunidade é a base do SUS, a saúde suplementar começa a apostar neste modelo para frear o alto custo principalmente de exames, nem sempre baseados nas evidências.
Os maiores planos de saúde do país já se movimentam para adotar a medicina de família onde o paciente deve ser inicialmente atendido.
A redução dos custos, que se traduz em sustentabilidade dos convênios, ocorre na medida em que elimina desperdícios com exames em excesso, resultado de uma consulta mais qualificada e uma atenção integral ao paciente.
Convênios investem na atenção primária
O investimento na atenção primária à saúde também pelos convênios médicos faz surgir inúmeros espaços e clínicas especializados que privilegia a prevenção e educação em saúde.
Este movimento representa uma abertura do mercado de trabalho, embora o Ministério da Saúde assegure que há baixa adesão à residência médica de medicina da família e comunidade. Em 2018, foram ofertadas 3.587 vagas e apenas 1.183 foram preenchidas.
Saiba um pouco da história da especialidade
Você sabia que desde a década de 1970 já existia a especialidade de Medicina da Família?. Pois é, data de 1975 um projeto de Sistema de Saúde Comunitária.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina da Saúde e Comunidade, em 1976 surgiram os primeiro programas de residência no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Os programas eram chamados de residência em Medicina Geral Comunitária (MGC), nome que vigorou até 2002, quando a residência passou a ser chamada de Medicina da Família e Comunidade.
Em 1981, a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) formalizou os PRM em Medicina Geral Comunitária, oficializando esta área como uma especialidade no Brasil, mesmo ano em que foi fundada a Sociedade Brasileira de Medicina Geral Comunitária (SBMGC), com sede em Petrópolis – RJ
Críticas dos médicos
Os programas se espalharam ao longo dos anos chegando até a serem alvos de críticas dos próprios médicos.
Em 1988, as críticas foram intensificadas da “corporação médica” e da “Direita” (considerando a área como “Medicina de Comunista”, estatizante) quanto da ABRASCO, dos sanitaristas e da “Esquerda” (entendendo a MGC como a “Medicina de Família americana disfarçada” da época – modelo “saúde pobre para gente pobre”, “tampão social”.
Em 1990 foi o criado o SUS e, em 1994, foi criado o Programa de Saúde da Família. A partir do PSF e de outras iniciativas, as áreas voltadas à Atenção Básica em Saúde se expandiram muito.
Numa velocidade bem maior que a capacidade de formação de pessoal, criam-se especializações, cursos de curta duração, Pólos de Capacitação, entre outros, nem sempre com a qualidade desejada. Ocorreu também o estímulo às mudanças no ensino à graduação.
Gostou de saber uma pouco mais desta especialidade? Então, acompanhe o blog Revisamed e fique ligado nestas e em outras informações importantes.