Dia da Mulher: cresce participação da mulher na Medicina
No mês dedicado às Mulheres, o curso para Residência Médica Revisamed mostra a evolução crescente do número de mulheres médicas no Brasil. Seguindo os passos daquelas que ousaram, desafiaram os preconceitos e fizeram história na Medicina como Elizabeth Blackwell, Nise da Silveira, Gertrude Belle Elion, Françoise Barré-Sinoussi, Rita Lobato Velho Lopes, Marie Curie, Gerty Cori e tantas e tantas outras,…as mulheres ganham cada vez mais espaços no contingente de profissionais médicos.
Feminilização da Medicina no Brasil
O último estudo realizado no Brasil (Demografia Médica,o Perfil do Médico Brasileiro 2018) revela que o país conta com 452 mil médicos. Embora ainda a profissão seja predominantemente masculina, nos novos registros o percentual de mulheres médicas vem crescendo, confirmando a tendência consistente de feminização da Medicina no país.
Em outro trabalho (A feminização da medicina no Brasil) com base nos dados dos 27 conselhos regionais de Medicina, complementados pelas bases de dados da Comissão Nacional de Residência Médica e da Associação Médica Brasileira, os resultados mostraram que esta tendência vem desde 2009. Entre os novos médicos registrados há mais mulheres que homens.
O estudo mostra ainda que quando se observa a série histórica da população de médicos segundo sexo, as mulheres representavam 22,3% e 21,5%, respectivamente em 1910 e 1920.
Nos anos seguintes, este percentual oscilou para menos, chegando a 13%, em 1960. No entanto, a partir de 1970 essa proporção tem crescido de modo constante, subindo para 23,5%, em 1980; 30,8%, em 1990; 35,8% em 2000; e 39,9%, em 2010.
Evolução do número de médicos entre 1910 e 2017, segundo sexo
Ano | Feminino | (%) | Masculino | (%) |
1910 | 2.956 | 22,3 | 20.314 | 77,7 |
1920 | 3.015 | 21,5 | 11.016 | 78,5 |
1930 | 3.037 | 19,1 | 12.862 | 80,9 |
1940 | 3.131 | 15,1 | 17.614 | 84,9 |
1950 | 3.450 | 13,2 | 22.670 | 86,8 |
1960 | 4.519 | 13,0 | 30.273 | 87,0 |
1970 | 9.341 | 15,8 | 49.653 | 84,2 |
1980 | 32.239 | 23,5 | 105.108 | 76,5 |
1990 | 67.483 | 30,8 | 151,601 | 69,2 |
2000 | 104.554 | 35,8 | 187,372 | 64,2 |
2010 | 145.568 | 39,9 | 219,180 | 60,1 |
2017 | 189.281 | 45,6 | 225.550 | 54,4 |
Mulheres são maioria entre os médicos mais jovens
Embora os homens ainda sejam maioria entre os médicos, com 54,4% do total profissionais, ficando as mulheres com uma representação de 45,6%, essa distância vem caindo a cada ano, sendo que o sexo feminino já predomina entre os médicos mais jovens, sendo 57,4%, no grupo até 29 anos, e 53,7%, na faixa entre 30 e 34 anos.
Distribuição de médicos, segundo idade e sexo
Idade | Feminino | (%) | Masculino | (%) | Total |
≤ 29 anos | 32.915 | 57,4 | 24.445 | 42,6 | 57.360 |
30 – 34 anos | 35.464 | 53,7 | 30.627 | 46,3 | 66.091 |
35 – 39 anos | 27.809 | 47,3 | 30.975 | 52,7 | 58,784 |
40 – 44 anos | 19.718 | 45,2 | 23.888 | 54,8 | 43,606 |
45 – 49 anos | 16.729 | 47,5 | 18.460 | 52,5 | 35.189 |
50 – 54 anos | 16.226 | 45,8 | 19.215 | 54,2 | 35.441 |
55 – 59 anos | 14,586 | 42,8 | 19.464 | 57,2 | 34.050 |
60 – 64 anos | 13.361 | 37,5 | 22.227 | 62,5 | 35.588 |
65 – 69 anos | 9.011 | 28,3 | 22.846 | 71,7 | 31.857 |
≤ 70 anos | 3.462 | 20,5 | 13.403 | 79,5 | 16.865 |
Total | 189.281 | 45,6 | 225.550 | 54,4 | 414.831 |
No Rio e em Alagoas, mulheres médicas já são maioria
Se considerarmos por estados, em dois deles, as médicas já são maioria: no Rio de Janeiro, onde somam 50,8% dos profissionais, e em Alagoas, com 52,2%. Além deles, o percentual também é alto em Pernambuco (49,6%), Distrito Federal (47,6%) e Paraíba (47,5%). Em São Paulo, as médicas são 45,4% do total e em Minas Gerais, 42,9%.
Em contrapartida, o Piauí tem a menor presença feminina, com 37%. Essa tendência também surge no Amapá (37,2%), Goiás (38,5%) e Santa Catarina, com 38,8%.
Segundo a AMB, desde 2004 as mulheres são maioria nas escolas médicas e, desde 2009, a maioria em inscrições nos CRMs.
Em 18 especialidades mulheres médicas já são maioria
Em 18 especialidades médicas as mulheres já são maioria. Entre os homens a Urologia é a campeã, com 97,8% especialistas do sexo masculino, contra 2,2% do sexo feminino.
Na outra ponta está Dermatologia, em que as mulheres representam 77,1%, e os homens, 22,9%. Há três mulheres para cada homem nessa especialidade.
No conjunto de especialistas, 57,5% são homens e 42,5%, mulheres. Das 54 especialidades, os homens são maioria em 36 e as mulheres, em 18.
A distribuição de profissionais titulados por gênero e por especialidade é um indicador importante de tendências dentro da demografia médica.
Há aumento da presença feminina em quatro das seis áreas básicas da Medicina. Em Pediatria, elas são três quartos dos profissionais. Em Medicina de Família e Comunidade, são 57,1%. Em Ginecologia e Obstetrícia já somam 56,6%, e em Clínica Médica, 52,6%.
Especialidades por gênero
Especialidade | Feminino | % | Masculino | % | Total | Razão M/F |
Dermatologia | 6.053 | 77.1 | 1.797 | 22,9 | 7.850 | 0,30 |
Pediatria | 27.451 | 74,2 | 9.542 | 25,8 | 36.993 | 0,35 |
Endocrinologia e Metabologia | 3.480 | 70,4 | 1.461 | 29,6 | 4.941 | 0,42 |
Alergia e imunologia | 1.047 | 68,2 | 489 | 31,1 | 1.536 | 0,47 |
Genética médica | 186 | 66,9 | 92 | 33,1 | 278 | 0,49 |
Hematologia e Hemoterapia | 1.569 | 62,8 | 929 | 37,2 | 2.498 | 0,59 |
Reumatologia | 1.340 | 59,3 | 918 | 40,7 | 2.258 | 0,69 |
Infectologia | 2.047 | 58,2 | 1.470 | 41,8 | 3.517 | 0,72 |
Geriatria | 985 | 57,6 | 724 | 42,4 | 1.709 | 0,74 |
Patologia | 1.716 | 57,4 | 1.274 | 42,6 | 2.990 | 0,74 |
Medicina da Família e Comunidade | 2.947 | 57,1 | 2.215 | 42,9 | 5.162 | 0,75 |
Ginecologia e Obstetrícia | 16.097 | 56,6 | 12.319 | 43,4 | 28.416 | 0,77 |
Homeopatia | 1.416 | 56,4 | 1.094 | 43,6 | 2.510 | 0,77 |
Clínica Médica | 20.860 | 52,6 | 18.810 | 47,4 | 39.670 | 0,90 |
Patologia Clínica/ Med. Laboratorial | 716 | 52,4 | 650 | 47,6 | 1.366 | 0,91 |
Acupuntura | 1.783 | 51,5 | 1.680 | 48,5 | 3.463 | 0,94 |
Nefrologia | 2.111 | 51,0 | 2.025 | 49,0 | 4.136 | 0,96 |
Pneumologia | 1.636 | 50.3 | 1.616 | 49,7 | 3.252 | 0,99 |
Mastologia | 1.017 | 49,3 | 1.046 | 50,7 | 2.063 | 1,03 |
Medicina Física e Reabilitação | 392 | 46,8 | 445 | 53,2 | 837 | 1,14 |
Medicina Preventiva e Social | 828 | 46,7 | 944 | 53,3 | 1.772 | 1,14 |
Gastroenterologia | 2.147 | 46,4 | 2.483 | 53,6 | 4.630 | 1,16 |
Nutrologia | 698 | 45,5 | 835 | 54,5 | 1.533 | 1,20 |
Psiquiatria | 4.315 | 44,9 | 5.296 | 55,1 | 9.611 | 1,23 |
Oncologia clínica | 1.447 | 43,6 | 1.870 | 56,4 | 3.317 | 1,29 |
Neurologia | 1.949 | 42,1 | 2.679 | 57,9 | 4.628 | 1,37 |
Cirurgia Pediátrica | 527 | 40,7 | 768 | 59,3 | 1.295 | 1,46 |
Oftalmologia | 5.062 | 40,4 | 7.477 | 59,6 | 12.539 | 1,48 |
Otorrinolaringologia | 2.311 | 38,8 | 3.650 | 61,6 | 5.961 | 1,58 |
Anestesiologia | 8.161 | 38,0 | 17.304 | 62,0 | 21,465 | 1,1 |
Radiologia e diagnóstico de Imagem | 4.102 | 37,1 | 6.966 | 62,9 | 11.068 | 1,70 |
Radioterapia | 235 | 36,5 | 409 | 63,5 | 644 | 1,74 |
Medicina Nuclear | 294 | 36,2 | 518 | 63,8 | 812 | 1,76 |
Medicina do Trabalho | 4.801 | 32,9 | 9.777 | 67,1 | 14.578 | 2,04 |
Medicina de Tráfego | 1.481 | 31,2 | 3.267 | 68,8 | 4.748 | 2,21 |
Medicina Intensiva | 1.897 | 31,0 | 4.232 | 69,0 | 4.129 | 2,21 |
Coloproctologia | 560 | 30,7 | 1.262 | 69,3 | 1.822 | 2,25 |
Cardiologia | 4.382 | 30,3 | 10.069 | 69,7 | 14.451 | 2,30 |
Endoscopia | 873 | 29,1 | 2.126 | 70,0 | 2.999 | 2,44 |
Angiologia | 405 | 26,4 | 1.130 | 73,6 | 1.535 | 2,79 |
Cirurgia Plástica | 1.294 | 23,3 | 4.249 | 76,7 | 5.543 | 3,18 |
Cirurgia Vascular | 16 | 23,3 | 3.022 | 76,7 | 3.938 | 3,30 |
Cirurgia Geral | 6.447 | 21,0 | 24.321 | 79,0 | 30.768 | 3,77 |
Medicina Legal e Perícia Médica | 148 | 19,7 | 603 | 80,3 | 751 | 4,7 |
Cirurgia de Cabeça e Pescoço | 172 | 17,6 | 805 | 82,4 | 977 | 4,68 |
Medicina Esportiva | 143 | 17,3 | 684 | 82,7 | 827 | 4,78 |
Cirurgia da mão | 118 | 16,1 | 614 | 83,9 | 732 | 5,20 |
Cirurgia Oncológica | 145 | 13,4 | 941 | 86,6 | 1.086 | 6,49 |
Cirurgia Cardiovascular | 215 | 10,4 | 1.847 | 89,6 | 2.042 | 8,59 |
Cirurgia do Aparelho Digestivo | 274 | 10,3 | 2.382 | 89,7 | 2.456 | 8,69 |
Cirurgia Torácica | 85 | 9,5 | 811 | 90,5 | 896 | 9,54 |
Neurocirurgia | 248 | 8,6 | 2.638 | 91,4 | 2.866 | 10,64 |
Ortopedia e Traumatologia | 916 | 6,5 | 13.213 | 93,5 | 14.129 | 14,42 |
Urologia | 108 | 2,2 | 4.819 | 97,8 | 4.927 | 44,52 |
Mulheres médicas que revolucionaram a Medicina.
Para mostrar um pouco mais da história da feminilização da Medicina, o curso Revisamed selecionou algumas mulheres ícones na Medicina e Ciência. Elas enfrentaram todos os obstáculos de suas épocas para deixar um legado imensurável para a humanidade.
Além da história de cada uma delas, o Revisamed selecionou frases que mostram um pouco da personalidade que que inspiram as futuras médicas.
Entre tantas e tantas outras, o Revisamed apresenta:
Nise da Silveira, médica psiquiátrica
Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas
Nascida em Maceió, em 1905, Nise da Silveira foi médica psiquiatra considerada a mulher que mudou o tratamento dos doentes mentais no Brasil. Em 1926, ao se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, Nise era a única mulher em uma turma de 157 alunos.
Nise era uma defensora da loucura necessária para se viver. Em 1944, Nise passou a trabalhar no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. Ela se recusou a seguir o tratamento da época, que incluía choque elétrico, cardiazólico e insulínico, camisa de força e isolamento.
Ao dizer “não”, a psiquiatra foi transferida, como “punição”, para o Setor de Terapia Ocupacional do Pedro II. Porém, essa transferência foi fundamental para a revolução que Nise provocaria na psiquiatria: foi nesse setor do hospital que ela implementou, junto com o psiquiatra Fábio Sodré, a Terapia Ocupacional no tratamento psiquiátrico.
Foi presa por questões políticas, fundadora da Casa das Palmeiras e fez do trabalho com Terapia Ocupacional a base para o que, posteriormente, seria o Museu de Imagens do Inconsciente.
Elizabeth Blackwell
Nenhum de nós pode saber do que somos capazes até sermos testados
Elizabeth Blackwell nasceu em 1821, na Inglaterra. Ela desafiou a sociedade do fim do século XIX ao ser a primeira mulher a ingressar em uma faculdade de Medicina. Em 1847, após ser recusada 12 vezes pela universidade Geneva Medical College, conseguiu ser admitida na instituição de ensino e, em 1849, entrou para a História ao ser a primeira médica do mundo. Foi também uma reformista e abolicionista.
Apesar de dominarem as práticas de cura desde o início dos tempos, somente nos últimos 150 anos as mulheres conseguiram permissão para seguir o estudo formal da Medicina. Ela entrou na Faculdade de Medicina em 1847 por mero acidente.
Como o reitor não conseguia decidir se aceitava ou não uma mulher no curso, colocou o problema para votação. Os 150 alunos, todos homens, consideraram a ideia tão absurda que resolveram levar adiante o que chamavam de “piada”. E, de forma unânime, aceitaram Elizabeth como nova colega.
Depois de alguns anos de formada, ela fundou em Nova Iorque a primeira instituição médica exclusivamente dedicada para o sexo feminino, o Colégio Médico das Mulheres.
Gertrude Belle Elion
Não tenha medo do trabalho duro. Nada que vale a pena vem com facilidade. Não deixe que outras pessoas o desanimem ou lhe digam que você não pode fazê-lo. Nos meus dias me disseram que as mulheres não entravam em química. Não vi motivo para não podermos.
Gertrude Belle Elion foi uma das primeiras mulheres a ganhar o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina. Formou-se em química, mas aprofundou seu conhecimento em bioquímica, farmacologia, imunologia e virologia.
Suas descobertas farmacológicas tiveram início em seu trabalho como assistente de George H. Hitchings. Na época, eles trabalhavam em desenvolver fármacos baseados em conhecimentos de bioquímica e patologia, não somente em substâncias naturais.
A partir daí, anos depois Gertrude Belle Elion começou suas pesquisas com purinas e pôde desenvolver o primeiro medicamento para tratamento da Leucemia. E não foi somente este. Elion também desenvolveu fármacos para tratamento de Malária, Gota, Herpes Viral e diversas outras patologias.
Françoise Barré-Sinoussi
No início dos anos 80 havia muitos problemas. Poucas mulheres conseguiam chegar aos mais altos postos nas instituições de pesquisa. Quando apresentavam trabalhos em congressos científicos, as mulheres percebiam a desconfiança dos homens em relação aos dados demonstrados por elas. Era muito difícil para mim convencer os colegas de que meu trabalho era confiável. Hoje, vemos mulheres nas mais respeitadas posições acadêmicas. Felizmente, a coisa mudou – mas não em todos os lugares do mundo.
Françoise Barré-Sinoussi é uma virologista francesa que, junto ao colega Luc Montaigner, descobriu o vírus HIV. Com esta descoberta, os dois ganharam o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina. “Nunca antes a ciência e a medicina foram tão rápidas na hora de descobrir, identificar a origem e oferecer tratamento a uma nova enfermidade.” Com essa frase, o comitê do Prêmio Nobel reconheceu em 2008 Françoise Barré-Sinoussi (Paris, 1947) como a descobridora do vírus da aids, junto com Luc Montaigner.
Tudo começou em 1983, quando a pesquisadora publicou na revista Science a descrição de um retrovírus que depois seria chamado de HIV. A cientista, anos mais tarde, reconheceu que naquele momento eram muito ingênuos. Naquela época, havia na França apenas 50 pacientes identificados com sintomas da aids. Os sanitaristas ainda não conheciam o perfil da epidemia na África, e só em meados da década de oitenta vieram a ligar os pontos; foi então que começaram a ver sua dimensão e constataram, segundo ela contaria mais tarde, que se tratava de algo terrível.
Barré-Sinoussi entrou no começo dos anos setenta para o Instituto Pasteur, em Paris, e lá se doutorou em 1975. Em 1988, estreou laboratório próprio. Seu trabalho é imenso: assinou junto com outros autores mais de 240 publicações científicas, proferiu centenas de conferências por todo o mundo, formou outros pesquisadores, é membro ativo de vários comitês científicos e sociedades e presta consultoria à OMS e ao Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids. Desde a descoberta do vírus HIV, Barré-Sinoussi trabalha em busca de melhorar as condições de prevenção, cuidados e tratamento da AIDS, principalmente em países com ainda forte presença da doença.
Rita Lobato Velho Lopes
Como médica durante muitos anos cliniquei […] cavalgando pelas coxilhas, afrontando as intempéries, levando conforto desde o lar do mais rico até o rancho do mais pobre. […] Conhecendo as necessidades do distrito que por largos anos atendi no exercício da minha profissão senti impressões muito comoventes, acompanhando o povo nas suas alternativas de dor e de prazer.
No Brasil, as mulheres também fizeram história no mundo da Saúde. Rita Lobato nasceu no Rio Grande do Sul em 1866. Apesar do preconceito, Lobato se tornou a primeira médica brasileira, em 1887, ao defender a tese “Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana”.
Foi a primeira mulher a exercer a Medicina no Brasil. Apesar de um decreto imperial de 1879 autorizar às mulheres a frequentar os cursos das faculdades e obter um título acadêmico, os preconceitos da época, que relegavam às mulheres a uma função doméstica, falavam mais forte.
Rita matriculou-se inicialmente na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a Faculdade de Medicina de Salvador, na Bahia. Determinada em obter o título de médica, venceu a hostilidade inicial dos colegas e professores, conquistando aos poucos sua simpatia, até receber do corpo docente da tradicional faculdade baiana as maiores considerações.
Em 1887, tornou-se a primeira mulher brasileira e a segunda latino-americana a obter diploma de médica, após defender tese sobre A Operação Cesariana. Além de brilhante no exercício da Medicina, foi a primeira mulher eleita vereadora em Rio Pardo, em 1934, pouco depois das mulheres conquistarem o direito ao voto e faleceu em 1954.
Marie Curie
Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade.
Ela foi uma das primeiras pessoas da comunidade científica a conduzir experimentos radioativos. Marie Curie desenvolveu a teoria da radioatividade, a técnica de isolamento de isótopos radioativos e a aplicação deles.
É creditado a ela também a descoberta dos elementos químicos Polônio e Rádio. Marie Curie foi a primeira mulher a vencer o Prêmio Nobel em 1911 e também foi responsável pela criação dos Institutos Curie em Paris e Varsóvia (Polônia). Até hoje ambos os institutos são referências mundiais em medicina.
Gerty C’1ori
Os momentos inesquecíveis da minha vida são aqueles raros que surgem após anos de trabalho árduo, quando o véu sobre o segredo da natureza parece subitamente se elevar, e quando o que era escuro e caótico aparece em uma luz e um padrão claros e bonitos.
Junto com seu marido Carl, Gerty foi a primeira mulher a ganhar o Nobel de Medicina. O prêmio teve como principal motivação seus estudos relacionados à diabetes.
Judia, nascida na República Tcheca, Gerty Cori serviu o Império Austro-Húngaro durante a Primeira Guerra Mundial. Porém, se viu obrigada a deixar o país em 1922 devido à crise de antissemitismo que assolava a Europa.
Foi nos Estados Unidos que o casal Cori pode desenvolver seu trabalho e dar origem ao ciclo de Cori, que foi o principal motivo da conquista do Nobel.
E você gostaria de ver citado algum nome de médicas que fizeram ou fazem a história na Medicina mundial? Deixe o seu comentário e acompanhe o Blog Revisamed para ficar por dentro de todas as notícias e informações sobre residência médica e saúde.