Dia do Oftalmologista: especialista que olha a saúde dos seus olhos
Para comemorar o Dia do Oftalmologista, celebrado em 7 de maio, o curso para Residência Médica Revisamed preparou este artigo para que você, estudante de Medicina, conheça um pouco mais da Oftalmologia. A especialidade da área médica é uma das que conta com muitas peculiaridades.
O Revisamed também homenageia o profissional que olha pela da saúde dos nossos olhos e nos ajudar a enxergar melhor o mundo.
Para começar, o Revisamed selecionou algumas curiosidades, com base nas informações do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que, talvez, poucas pessoas saibam e que demonstram a grandeza desta área médica. Vamos lá?
Você sabia que:
- piscamos, em média, 5,2 milhões de vezes por ano?
- o músculo que nos permite piscar é o mais rápido do corpo?
- a retina possui mais de 100 milhões de células fotossensíveis?
Portanto, estas são apenas algumas das particulares do olho humano bem conhecidas dos Oftalmologistas.
Como principal órgão sensorial, os olhos precisam ser bem cuidados. E aí que se revela a importância do Oftalmologista.
O que faz o Oftalmologista
O Oftalmologista é médico responsável pelo estudo e tratamento das doenças relacionadas à visão.
Além de realizar cirurgias, eles se dividem ainda em várias sub-especialidades: oftalmo-pediatria, estrabismo, glaucoma, plástica ocular e muitas outras.
Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), a data lembra a importância da consulta periódica ao especialista ocular.
Desse modo, é possível identificar e prevenir uma série de problemas comuns à visão.
Uma das especialidades que mais avança
A Organização Mundial da Saúde estima que atualmente o Brasil tem quase 1,2 milhão de cegos, dos quais 60%, ou 700 mil, em números absolutos, poderiam ter a condição evitada ou revertida caso recebessem tratamento adequado a tempo.
Ainda de acordo com a AMB, a Oftalmologia é uma das especialidades que mais tem evoluído ao longo dos anos.
Como exemplo, a AMB cita o fato de as pessoas com astigmatismo podem optar, atualmente, por lentes gelatinosas, muito mais confortáveis dos que as que disponíveis há alguns anos.
As cirurgias na área também avançaram muito, assim como os diagnósticos e tratamentos de diversas doenças dos olhos.
Outro avanço está na inclusão na CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos) de tratamentos e cirurgias que são muito mais personalizados e focados nas necessidades dos pacientes.
É o caso, por exemplo, dos transplantes lamelares, no qual será possível fazer a cirurgia em apenas parte da córnea, e não mais na sua totalidade, como antes era necessário.
Oftalmologia é uma área bastante versátil da Medicina
A Oftalmlogia é uma especialidade clínico-cirúrgica e conta com 13.825 médicos titulados na área, de acordo com o estudo Demografia Médica Brasileira 2018.
Considerada uma área bastante versátil dentro da Medicina, abrangendo a parte clínica, cirúrgica e com uma grande gama de exames, o Oftalmo pode ter uma rotina bem variada.
Áreas de atuação do oftalmologista
São áreas de atuação, por exemplo, o consultório, o centro cirúrgico e as clínicas de exames (laudos).
Residência Médica em Oftalmologia
A Residência Médica de Oftalmologia tem acesso direto, ou seja, não há necessidade de médico ter pré-requisito para fazer a residência médica em oftalmo.
O profissional que optar pela Oftalmologia fará três anos de Residência Médica.
Em resumo, no primeiro ano o residente aprende as noções gerais da especialidade, rodando nas principais subespecialidades dentro da área. O R1 também aprende a fazer pequenas cirurgias, como pterígeo e calázio.
Como em todas as especialidades, o R1 de Oftalmologia tem uma carga horária puxada e é bastante cobrado. Entretanto, isto não é uma particularidade da Oftalmo. É difícil em todas as áreas.
No segundo ano, o residente já começa a operar cataratas. Entre os estudantes, este é um momento bem esperado, ainda mais por aqueles médicos residentes que tenha uma paixão maior pela cirurgia.
O último ano de residência, o R3 costuma optar por rodar nas subespecialidades que mais se identifica, tentando se aprofundar mais em alguma área que queira seguir depois.
É comum ainda entre os profissionais da Oftalmologia não parar após a Residência Médica.
Muitos optam por uma ou outra subespecialidade, como a Oftalmopediatria, Transplante de Córnea, Retina, entre outras.
Geralmente, o médico faz um fellow que tem duração variada, dependo da subárea e da instituição.
De maneira geral, durante a formação, os residentes têm matérias como:
- Anatomia
- Optometria
- Microbiologia
- Neuroanatomia
- Técnica cirúrgica
- Cirurgia oftalmológica
- Óptica física/fisiológica
- Oftalmologia preventiva
- Imunologia e parasitologia
- Fisiologia do olho e da visão
Após fazer a residência, o Oftalmologista pode ainda realizar uma subespecialização para aprofundar os conhecimentos em áreas como:
- Plástica ocular
- Cirurgia refrativa
- Oftalmopediatria
- Doenças orbitárias
- Problemas da retina
- Doenças das vias lacrimais
O que o Oftalmo vai encontrar no seu dia a dia
Glaucoma, descolamento de retina, retinopatia diabética, catarata e degeneração macular relacionada à idade (DMRI), entre outras, são algumas das doenças que o Oftalmo vai encontro no seu dia a dia.
Todas essas doenças oculares têm em comum a inquietante propensão de gerar milhões de cegos entre nós, nem sempre em uma idade avançada.
Entretanto, para nossa sorte, a maioria desses casos pode ser detectada e tratada antes que se instale e cause danos irreversíveis. Basta uma visita ao oftalmologista.
Qualquer anomalia ocular não detectada precocemente pode impedir o desenvolvimento da visão e deixar sequelas para o resto da vida.
Por isso, é essencial a prevenção. Os olhos dos recém-nascidos devem ser examinados pelo médico para descartar infecções e desordens.
Antes dos 5 anos, o pediatra avaliará se a criança tem a mesma capacidade de visão em ambos os olhos, um problema refrativo ou um desajuste no alinhamento ocular. Já na fase escolar, as exigências visuais aumentam. A visão sem disfunções é indispensável para o rendimento escolar.
Além das visitas ao especialista, o cuidado com a vista exige hábitos de higiene e comportamentais.
Por exemplo: a forma de assistir TV e de trabalhar no computador, no uso do smartphone, tipo de iluminação que a leitura, a dieta, a automedicação.
Neste último aspecto – da automedicação – , pode-se destacar, por exemplo, o uso colírios sem receita médica – ou os óculos de sol que podem afetar nossos olhos.
Prevenção é sempre a melhor medida
E no Dia do Oftalmologista é importante também destacar hábitos saudáveis e medidas de prevenção que a população deve adotar para manter a qualidade da visão. Resumindo, a prevenção é sempre o melhor remédio.
Uma pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que mais de 161 milhões de pessoas no mundo têm a visão reduzida – das quais 37 milhões são cegas. Nada menos do que 75% das ocorrências de cegueira poderiam ter sido evitadas.
No caso do glaucoma – o maior causador de cegueira sem cura no Brasil –, a prevenção é bem simples.
O transtorno é provocado por um forte aumento da pressão ocular, que costuma ser propiciado por uma eliminação deficiente do humor vítreo, um gel claro que preenche a parte interna do globo ocular.
A alta pressão destrói o nervo óptico e, em casos avançados, leva o paciente à cegueira irreversível. E, o mais importante, a pressão intra-ocular pode ser medida com exames rápidos e indolores, assim como o estado da retina e do nervo óptico.
No Brasil, estima-se que existam 900 mil pessoas com glaucoma. Como 80% dos casos não apresentam sintomas, não é raro que o paciente só descubra a doença quando a visão num dos olhos já esteja quase perdida.
A diabetes é outro fator importante nesta área. A diabetes é terceira na lista de causas de cegueira no Brasil.
São mais de 10 milhões de pessoas diabéticas no país. No entanto, apenas metade desta população sabe ser portador desta doença silenciosa.
É o que é ainda pior: tanto as pessoas que desconhecem a diabetes quanto as que fazem tratamento correm alto risco de perder a visão, se não forem tratadas e acompanhadas pelo oftalmologista.
Atenção a partir dos 40 anos
A partir dos 40 anos, outro problema de saúde da visão é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
Embora seja considerada a primeira causa de falta de visão em pessoas com mais de 65 anos, ninguém até agora conseguiu explicar por que a mácula, a zona da retina onde reside 90% da visão, se decompõe inexoravelmente.
No Brasil, são quase 3 milhões as pessoas acima de 65 anos com DMRI, segundo um estudo publicado no informativo Perfil, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
A DMRI pode ser detectada pelo oftalmologista mediante o clássico reflexo de fundo de olho, que hoje conta com uma tecnologia sofisticada para estudar milimetricamente a saúde retiniana.
Salvo exceções, essas terríveis doenças oculares iniciam sua evolução depois dos 40 anos. Coincidem assim com os primeiros sinais da presbiopia, mais conhecida como “vista cansada”.
Portanto, a prevenção é sempre o melhor remédio. Então, procure o Oftalmo. É ele que olha pela saúde dos seus olhos.
Origem da data
Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), a origem da data vem da fundação da Sociedade de Oftalmologia de São Paulo, em 07 de maio 1930.
No entanto, só foi oficializada como Dia do Oftalmologista, no ano de 1968, em São Paulo, por meio de uma lei de autoria do deputado e médico oftalmologista Antônio Salim Curiati.
No Brasil, o dia só veio a fazer parte do calendário nacional em 1986, quando o então ministro da Saúde, Seigo Tsuzuki, editou a portaria nº 398.
A data lembra a importância da consulta periódica ao especialista ocular. Desse modo, é possível identificar e prevenir uma série de problemas comuns à visão.
História da Oftalmologia
Conforme publicado pela Revista Veja Bem, editada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em sua edição de 2017, a Oftalmologia é uma das especialidades mais antigas da Medicina.
Segundo relatos históricos, as primeiras descobertas desta área foram elaboradas pelos antigos egípcios. Porém, os responsáveis por conferir aspectos clínicos à saúde ocular foram os gregos.
Hipócrates, que é considerado o pai da Medicina, debruçou-se com verdadeiro afinco ao estudo da visão. Foi por meio dele que surgiram os primeiros registros sobre a anatomia ocular.
Reproduzimos abaixo o artigo da Revista Veja Bem, para contar um pouco mais da história da oftalmologia.
“Durante a idade média, a Oftalmologia era realizada de forma quase aleatória. Não era necessário ser um especialista para tratar dos problemas oculares.
No século XVII, começaram a surgir descobertas consideráveis sobre a refração ocular. Os responsáveis por esse avanço foram Kepler, Descartes e Chistoph Scheiner. O cenário histórico da saúde ocular contado através das descobertas sobre a catarata
A partir do século XVIII, foram os estudos e experimentos sobre a catarata que passaram a se destacar. Nessa época, entendia-se que a doença era semelhante ao glaucoma. Apenas em 1650 foi descoberto que, na verdade, a catarata era a opacificação do cristalino, teoria que só foi completamente aceita um século depois.
Primeiros relatos de cirurgia no Código Hammurabi
Acredita-se que os primeiros relatos sobre esse tipo de cirurgia estão descritos no Código de Hammurabi (1750 a. C), que contém 282 leis apregoadas pelo rei Hammurabi, da Babilônia (Mesopotâmia), com o propósito de estipular direitos e deveres ao povo.
Nos tópicos 215 a 220 do Código, aparecem descrições sobre a operação de um suposto tumor (catarata) sobre os olhos, e estabelece punições e recompensas para os médicos, de acordo com os resultados das cirurgias.
Na Lei 215 constava que, se um médico operasse a catarata de um homem e o curasse, deveria receber dez shekels (moedas de prata) como pagamento.
Enquanto na lei 218 dizia-se que, se nessa operação o paciente viesse a perder o olho ou falecer, o médico que fez o procedimento deveria ter as mão amputadas.
Olhando de perto
No livro Visão, o Espelho D’alma – A História da Catarata, o Dr. Samuel Cukierman, fala sobre a evolução no tratamento contra a doença e das experiências realizadas até que se chegasse aos melhores procedimentos.
Dentre as curiosidades expostas nesse livro, está a história de como as obras do pintor impressionista Claude Monet foram se modificando de acordo com a evolução do seu quadro de catarata.
Por meio da exposição de três momentos da série de pinturas “Neufrates”, Cukierman explica que é possível identificar com clareza como os contornos vão perdendo a definição e as cores vão ficando monocromáticas.
A técnica da aspiração da catarata, por meio de uma agulha, foi descrita em 1000 d. C., por Abull Qasim Amar.
Porém, um dos maiores avanços da especialidade ocorreu em 1750, quando o oftalmologista Jacques Daviel realizou a extração extracapsular do cristalino por uma incisão inferior.
Esse tratamento foi alvo de polêmica durante dois séculos, pois, em inúmeros casos, o resultado da intervenção acabava sendo o oposto do esperado. Devido à falta de recursos, era comum ocorrerem infecções.
A ideia de abrir um olho para remover o cristalino começou a ser melhor aceita a partir do século XIX, por causa de três importantes descobertas da Medicina. Foram elas: a introdução das anestesias geral e local; a inclusão dos métodos de sutura e a incisão limbar periférica, cirurgia na qual a abertura do olho é menor, mais eficaz e menos perigosa.
O surgimento das lentes intraoculares
A primeira lente intraocular (LIO) foi desenvolvida e implantada em 1949 pelo oftalmologista inglês Harold Ridley. Ela era feita de polimetilmetacrilato (PMMA), material também conhecido como vidro acrílico.
O surgimento dessas lentes viabilizou-se através de uma observação que o Dr. Ridley fez enquanto trabalhava na Segunda Guerra Mundial. O oftalmologista percebeu que os estilhaços da cabine da aeronave, feitos de PMMA, alojavam-se nos corpos de pilotos, sem causar dano algum a seus organismos.
Ele notou, também, que, ao atingir os olhos, a inflamação causada por esses fragmentos era considerada irrisória. A partir dali surgiu a ideia de utilizar o vidro acrílico, em um modo mais puro, para a elaboração das LIOs.
Porém, em comparação à estrutura delicada do olho humano, essas lentes eram grandes, pesadas e rígidas, o que ocasionava inúmeros problemas para quem se submetia ao procedimento, como a dificuldade de fixação estável da prótese.
Apenas dez anos depois, foi elaborada, por Cornelius Birkhorst, uma lente mais segura e que se ajustava melhor aos olhos. Com o passar dos anos, essa tecnologia foi se aprimorando cada vez mais, até que, na década de 80, Kelman elaborou a LIO Quadraflex, com quatro pontos de fixação para a camada anterior.
Alguns ajustes deste modelo originaram, em 1982, a lente Multiflex, utilizada, em circunstâncias especiais, até os dias de hoje.G
Gostaram do artigo? O canal Você na Residência Médica, do curso Revisamed, parabeniza a todos os Oftalmologistas.
Continuem acompanhando o canal para ter acesso às mais importantes notícias e informações sobre as especialidades médicas e como ter acesso à residência médica em cada uma delas.