Brasil tem 500 mil médicos, revela demografia 2020
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Quantos médicos tem no Brasil? De acordo com o estudo Demografia Médica Brasileira 2020, são 500 mil médicos no país. Portanto, a razão de médicos por habitantes é de 2,38 médicos para cada mil habitantes.
Leia: Número de médicos no Brasil bate recorde: 575 mil médicos ativos em 2024
Trata-se do maior quantitativo e da maior densidade de médicos já registrados. Os dados apurados em 2020 são revelados em meio à maior crise da saúde mundial com a pandemia do novo coronavírus, onde o médico e os demais profissionais da saúde estão na linha de frente.
Na última década, de 2010 a 2019, 179.838 novos médicos entraram no mercado de trabalho.O grande crescimento da força de trabalho médico no país é atribuído ao maior número de vagas nas escolas médicas existentes e à abertura de novos cursos de Medicina.
A seguir, você vai saber:
Número de médicos cresce 5 vezes mais do que o da população
Como você pode ver, os números evoluíram muito nos últimos anos. Para se ter uma ideia, o número de médicos cresceu cinco vezes mais do que a população em 100 anos.
No entanto, ainda persistem algumas situações críticas como a concentração de profissionais em algumas regiões, o aumento de vagas e cursos de graduação e a ociosidade em vagas de residência médica.
Todos estes dados fazem parte do estudo Demografia Médica do Brasil, uma publicação do Conselho Federal de Medicina e da Universidade de São Paulo (USP).
Pelos dados, em novembro de 2020, o número de registro de médicos junto aos Conselhos Regionais de Medicina chegava a 547.344. A diferença de 47.344 se devia a médicos registrados em mais de um conselho em estados diferentes, o que é previsto em lei.
Pela tabela a seguir é possível verificar o forte crescimento do número de médicos, especialmente nos últimos 50 anos. Confira:
Quanto médicos teremos em 2024
Para você que ainda vai se formar em Medicina , ou seja está ainda no ciclo básico, é importante saber que a Demografia Médica 2020, com base nas projeções, prevê a continuidade do crescimento do números de médicos no mercado de trabalho.
Portanto, de acordo com os estudos, em 2024 estarão formando mais 31.849 novos médicos, o que corresponde às vagas ofertadas nos cursos de Medicina em 2017. Ou seja, após seis anos do curso, mais este total de profissionais estará no mercado.
O estudo faz um comparativo, que reforça o maior número de profissionais: os mais de 31 mil que se formarão em 2024 é mais do que o dobro do número de médicos que se registram nos CFM em 2021.
Medicina cada vez mais jovem e feminina
A Medicina está cada vez mais jovem e feminina é o que afirma o estudo da Demografia Médica 2020. Embora os homens ainda sejam maioria, o número de médicas vem crescendo a cada ano.
Em 2020, os homens representavam 53,4% e as mulheres 46,6%. Porém, em 2015, os homens somavam 57,5 % e as mulheres 42,5%. Há 30 anos, em 1990, as mulheres eram 30,8%. Portanto, fica claro que as mulheres estão cada vez mais ocupando os espaços na Medicina.
Já em relação à idade, o estudo mostra que nos grupos mais jovens, em 2020, as mulheres já são maioria: representam 58,5% entre os médicos até 29 anos. De 30 a 34 anos, as médicas são 55,3%. Entre 35 e 39 anos, há um equilíbrio: as mulheres são 49,7%.
Os médicos homenas aparecem em maior número nas faixas etárias posteriores. Confira a tabela:
Série histórica revela feminilização da Medicina
Na tabela abaixo, você pode conferir que ao longo do último século, há um processo de feminilização da Medicina. Portanto, em 1910, eram 22,3% de mulheres contra 77,7 % de homens. Até 1960, a presença masculina cresceu, chegando à proporção de 87% homens contra 13% das mulheres. De lá para cá, as mulheres ganharam terreno atingindo a proporção de hoje. Confira a tabela.
Desigualdades na distribuição de médicos ainda persiste fortemente
O estudo do CFM e USP de 2020 confirmou, mais uma vez, um dos maiores problemas da assistência médica no país: a distribuição dos profissionais regionalmente.
Embora no geral a gente tenha um percentual de 2,38 médicos por mil habitantes, quando é feito o recorte regional a situação muda muito.
A região Norte tem uma taxa de 1,30 médicos por mil habitantes, 43% menor que a média nacional, enquanto a região Nordeste, a taxa é de 1,69.
Juntas, Norte e Nordeste têm os piores indicadores do Brasil:
Em nenhum estado média é menor que um
Pela primeira vez, nenhum estado brasileiro apresentou média menor do que 1 médico para cada mil brasileiros.
Todavia, Maranhão com 1,08 e Pará com 1,07 são os estados com a menor proporção médicos/população.
A concentração dos profissionais continua sendo nas grandes capitais e na região Sudeste. Ou seja, sete das 27 unidades da federação têm a maior concentração de médicos: mais de 2,50 por mil habitantes.
Nas regiões, depois do Sudeste, cuja concentração é de 3,15, vem o Centro-Oeste com 2,74. Entre as unidades da Federação, o Distrito Federal tem a maior concentração de médicos, 5,11 , seguido de Rio de Janeiro, 3,70 e São Paulo com 3,20.
Além disso, dentro das regiões, existem discrepâncias entres os estados como, por exemplo, Tocatins com 2,01 e Amazonas 1,30.
Na proporção de médicos x população reforçam-se as desigualdades. O Nordeste, por exemplo, tem 27,2% da população brasileira e somente 18,4% dos médicos.
Sudeste agrupa mais da metade dos médicos do país
Por outro lado, a região Sudeste agrupa mais da metade dos médicos brasileiros: 53,2% que atendem 42,1% da população.
Na proporção de capitais x interior a distribuição também é irregular, revela o estudo. Em resumo, a proporção em todas as capitais fica em 5,65 médicos por habitantes e os municípios do interior têm 1,49 médicos por mil habitantes.
Médicos especialistas são a maioria no Brasil : 61,4%
Além disto, o estudo de Demografia Brasileira aborda também a quantidade de médicos especialistas. No total, o Brasil tem 293.064 médicos com um ou mais títulos de especialista, o que corresponde a 61,4%.
Isso levando em conta o quantitativo de 478.010 médicos em atividade em janeiro de 2020. Portanto, são 184.946 médicos generalistas.O estudo considera 55 especialidades médicas reconhecidas pelos órgãos reguladores.
Quatro especialidades concentram 40% dos especialistas
Em relação às especialidades com maior número de profissionais, o estudo, em resumo, revelou o seguinte:
- Clínica Médica – 11,3%
- Pediatria – 10,1%
- Cirurgia Geral – 8,9%
- Ginecologia – 7,7%
- Anestesiologia – 5,9%
- Med. Trabalho – 4,6%
- Ort. Traumato – 4,1%
- Cardiologia – 4,1%
- Oftalmo – 3,6%
- Rad.Diag. Im – 3,3%
Portanto, as quatro primeiras especialidades, ou seja, Clínica Médica, Cirurgia Geral – que são pré-requisitos para cursar Residência Médica em outras áreas – Pediatria e Ginecologia detêm, juntas, quase 40% dos especialistas.
Contudo, somando as seis seguintes, as dez especialidades com maior número de profissionais representam 63,6% de todos os títulos.
No post sobre as Especialidades Médicas detalhamos mais a fundo tudo o que você precisa saber sobre as especialidades médicas, números de profissionais ativos e onde se concentram. Portanto, não deixe de ler o artigo.
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