O que é a Medicina Aeroespacial?

Médicos em atendimento

A Medicina Aeroespacial estuda, cuida, capacita médicos para a manutenção da saúde, segurança e performance das pessoas nas viagens aéreas, espaciais e ambientes extremos.

Os ambientes do espaço e da aviação oferecem desafios significativos como microgravidade, exposição à radiação, forças G, lesões por ejeção de emergência e condições hipóxicas. 

Com o conhecimento desses ambientes, o profissional da Medicina Aeroespacial pode garantir que os participantes estejam fisicamente preparados, fisiologicamente seguros e com desempenho no mais alto nível.

Futuro promissor para a Medicina Aeroespacial

Com um futuro promissor, seja na pesquisa ou na prática médica, a Medicina Aeroespacial desperta interesse, cada vez mais, entre os estudantes de Medicina que buscam uma especialização diferenciada.

Todas as rotas da Medicina Aeroespacial mostram um mercado de trabalho bastante interessante e abrangente para o médico aeroespacial.

Seja na aviação comercial, militar ou astronáutica – talvez, esta a mais empolgante – o que se revela é um número cada vez maior de pessoas que usam o transporte aéreo e, portanto, precisam ter o apoio e assistência médica.

Na astronáutica, os voos de maior duração com incursões interplanetárias levam-nos a antever a criação e manutenção de estações intermediárias destinadas a reabastecimento e revisões das astronaves e, subsequente, colonização de planetas e seus satélites. Parece algo distante hoje, mas em futuras gerações…

Na prática, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, as viagens suborbitais já são realidades, inclusive para turismo. A Medicina Aeroespacial já atua para esses fins.

Onde o médico aeroespacial pode atuar

O médico aeroespacial é capacitado a atuar companhias aéreas de transporte de passageiros, clínicas médicas em aeroportos, entre outras funções envolvendo saúde e voo.

Veja oportunidades de carreira em Medicina Aeroespacial são variadas e incluem:

•             Companhias aéreas

•             Reguladores da aviação

•             Serviços de tráfego aéreo

•             Agências espaciais

•             Organizações de pesquisa acadêmica ou comercial

•             Médicos Examinadores da Aviação.

Como se tornar um especialista em Medicina Aeroespacial

Em 2018, a Medicina Aeroespacial foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como uma área de atuação da Medicina.

Para ser um especialista ,portanto, o médico precisará ter concluído residência médica e possuir título de especialista da Associação Médica Brasileira em Clínica Médica, Medicina Intensiva, Medicina de Emergência, Cirurgia Geral, Pediatria ou Anestesiologia.

A pós-graduação oferece um amplo campo de atuação, sendo o caminho para fornecer aos médicos instruções teórico- práticas abrangentes. Tais como:

•             Fisiologia da aviação e espacial avançada
•             Psiquiatria
•             Medicina da aviação clínica e operacional
•             Treinamento prático e teórico Emergência Médica a Bordo em ambiente simulado
•             Medicina aplicada à aviação militar nos seus aspectos do impacto no organismo como aceleração, desorientação, e o posicionamento do médico como médico de esquadrão.
•             Conhecimento das Normas Regulatórias na complexidade da visão nacional e internacional.

Um pouco da história da Medicina Aeroespacial

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, há mais que 50 anos Charles Yeager rompeu a barreira do som usando uma roupa parcialmente pressurizada, criada pela Medicina Aeroespacial. Da mesma maneira, com a equipe médica chefiada por Dr. Charles Berry, o homem conquistou o espaço e desceu na Lua em 1969.

Durante os anos 80, Ross Mc Farland tornou-se o “guru dos fatores humanos” definindo os parâmetros a ser considerados na construção e operação dos sistemas de transporte aeronáutico.

Dr. Huberthus Strughold, foi um dos pioneiros a aventar a possibilidade da conquista do espaço pelo homem e a cogitar da qualidade de apoio médico para concretização dessa possibilidade.

Ele mostrou que a 16 Km de altura com pressão atmosférica em torno de 87 mm/Hg só é possível sobreviver respirando-se Oxigênio a 100% e que a 20 Km de altura com pressão atmosférica em torno de 47 mm/Hg os fluídos orgânicos fervem e se volatilizam e o indivíduo seria dissecado e que, a 30 Km os problemas com as radiações ultravioletas tornam-se sérios. Strughold foi denominado o “pai da Medicina Aeroespacial”.

 O homem esperou milênios pensando na possibilidade de voar; há cerca de 200 anos alçou-se aos céus em balão; há 1 século um objeto mais pesado que o ar voou e há pouco mais de 50 anos, conquistamos o espaço. Estas conquistas e suas consequências são um desafio para a Medicina Aeroespacial e dela depende a possibilidade dos conquistadores usufruírem suas conquistas.

O futuro da Medicina Aeroespacial é fascinante, excitante e inquietante e, quanto mais nos dedicamos a ele, mais adquirimos condições para apoiar e assistir aeronautas, astronautas e passageiros.

SBMA

Doutor, posso viajar de avião?

Quem nunca teve em seu consultório médico um paciente que fez a seguinte pergunta: Doutor, posso viajar de avião. Neste aspecto, a Câmara Técnica de Medicina Aeroespacial do CFM fez um trabalho de recomendações a médicos, passageiros e tripulantes:

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
  • Infecções ativas (pneumonia, sinusite): contraindica-se viagem aérea a passageiros e tripulantes, pois pode alterar as respostas fisiológicas humanas habituais ao voo.
  • Infecções pulmonares contagiosas: não devem embarcar, por risco de contágio ou piora da patologia.
  • Asma, doença grave, instável ou com hospitalização recentes: contraindica-se o voo.
  • Enfisema ou DPOC:  viagens permitidas mediante avaliação médica e necessidade de O2 durante o trajeto.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
  • Infarto não complicado: aguardar de 2 a 3 semanas.
  • Infarto complicado: aguardar 6 semanas.
  • Angina instável: não deve voar.
  • Insuficiência cardíaca grave e descompensada: não deve voar.
  • Insuficiência cardíaca moderada: verificar com o médico se há necessidade de utilização de oxigênio durante o voo.
  • Revascularização cardíaca: aguardar duas semanas.
  • Taquicardia ventricular ou supraventricular não controlada: não deve voar.
  • Marcapassos e desfibriladores implantáveis: sem contraindicações.

– Nos casos de Acidente Vascular Cerebral:

  • AVC isquêmico pequeno: aguardar de 4 a 5 dias.
  • AVC em progressão: aguardar 7 dias.
  • AVC hemorrágico não operado: aguardar 7 dias.
  • AVC hemorrágico operado: aguardar 14 dias.
 PÓS-OPERATÓRIO E PACIENTES EM RECUPERAÇÃO
  • Pós-operatório torácico
  • Casos de pneumectomia (retirada do pulmão) ou lobectomia pulmonar recente (retirada parcial do pulmão): recomenda-se uma avaliação médica pré-voo, com determinação da normalidade da função respiratória, principalmente no que diz respeito à oxigenação arterial.
  • Casos de pneumotórax: contraindicação absoluta. Deve-se esperar de 2 a 3 semanas após drenagem de tórax e confirmar a remissão por radiografia.
  • Pós-operatório neurocirúrgico

Após trauma cranioencefálico ou qualquer procedimento neurocirúrgico, pode ocorrer aumento da pressão intracraniana durante o voo. Aguardar o tempo necessário até a confirmação da melhora do referido quadro compressivo por tomografia de crânio.

Cirurgia abdominal

Contraindicado o voo por 2 semanas, em média. Deve-se aguardar a recuperação do trânsito habitual do paciente, pois a presença de ar em alças, sem eliminação adequada, no pós-operatório de cirurgias recentes, pode determinar a sua expansão excessiva em voo.

  • Pós-cirurgia laparoscópica: o voo pode ocorrer assim que a distensão pelo ar injetado tenha desaparecido, e as funções do órgão operado, retornado ao normal.
  • Nos procedimentos em que se injetou ar ou gás em alguma parte do corpo: aguardar o tempo necessário para a reabsorção ou a eliminação do excesso de ar ou gás injetado.
  • Pós-anestesia raquidural: o voo pode causar dor de cabeça severa até 7 dias após a anestesia.
  • Após anestesia geral: sem contraindicação, desde que o paciente tenha se recuperado totalmente.

Gesso e fraturas – Se há fraturas instáveis ou não tratadas, contraindica-se o voo.

Importante: considerando que uma pequena quantidade de ar poderá ficar retida no gesso, os procedimentos feitos entre 24 e 48 horas antes da viagem devem ser bivalvulados, para evitar a compressão do membro afetado por expansão normal do ar na cabine durante o voo.

TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS

Distúrbios psiquiátricos – Pessoas com transtornos psiquiátricos cujo comportamento seja imprevisível, agressivo ou não seguro não devem voar. Já aquelas com distúrbios psicóticos estáveis, em uso regular de medicamentos e acompanhados, podem viajar.

Epilepsia – A maioria dos epilépticos pode voar seguramente, desde que estejam usando a medicação. Aqueles com crises frequentes devem viajar acompanhados e estar cientes dos fatores desencadeantes que podem ocorrer durante o voo, tais como: fadiga, refeições irregulares, hipóxia e alteração do ritmo circadiano. Recomenda-se esperar de 24 a 48h após a última crise antes de voar.

GESTANTES

Recomenda-se que os voos sejam precedidos de uma consulta ao médico. De forma geral, as seguintes medidas devem ser observadas:

  • As mulheres que apresentarem dores ou sangramento antes do embarque não devem viajar.
  • Evitar viagens longas, principalmente em casos de incompetência istmo-cervical, atividade uterina aumentada, ou partos anteriores prematuros.
  • A partir da 36ª semana, a gestante necessita de uma declaração do seu médico permitindo o voo. Em gestações múltiplas, a declaração deve ser feita após a 32ª semana.
  • A partir da 38ª semana, a gestante só pode embarcar acompanhada dos respectivos médicos responsáveis.
  • Se a gestação é ectópica, contraindica-se o voo.
  • Não há restrições de voo para a mãe no pós-parto normal, mesmo no pós-parto imediato.

CRIANÇAS: No caso de um recém-nascido, é prudente que se espere pelo menos 1 ou 2 semanas de vida até a viagem. Isso ajuda a determinar, com maior certeza, a ausência de doenças, congênitas ou não, que possam prejudicar a criança no voo.

OBSERVAÇÕES GERAIS

Medicação – Recomenda-se levar medicação prescrita pelo médico em quantidade suficiente para ser utilizada durante toda a viagem. Os remédios devem estar sempre à mão, preferencialmente acompanhados pela receita do médico, com as dosagens e os horários em que devem ser administrados. Em caso de deslocamentos que impliquem mudança de fuso horário, o médico assistente deve ser consultado para avaliar se há necessidade de ajustar os horários de ingestão dos medicamentos.

Enjoos – As pessoas mais suscetíveis a terem enjoo durante o voo são aquelas que já o apresentam quando andam de ônibus, carro ou navio. Estas devem evitar a ingestão excessiva de líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes, que podem facilitar seu aparecimento. Recomenda-se também, como medida de precaução, que utilizem os assentos próximos às asas do avião por ser o local de voo menos turbulento e, por conseguinte, menos propenso a induzir náuseas e vômitos.

Procurar assistência e/ou orientação médica antes do voo, caso o passageiro ou tripulante apresente:

  • Febre alta, tremores, com piora progressiva dos episódios;
  • Sangue ou muco nas fezes;
  • Vômitos que impeçam a ingestão de líquidos;
  • Sintomas persistentes após uso de medicamentos sintomáticos;
  • Sintomas, especialmente se usa diuréticos, imunossupressores ou remédios para diabetes e/ou hipertensão.

(Fonte CFM. Referência: https://www.drhugothome.com.br/cuide-do-seu-coracao/medicina-aeroespacial)

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